terça-feira, 22 de junho de 2010

Literatura e Geografia trabalhando juntas: será que dá certo?

O projeto do grupo de pesquisa da UFMA estuda a relação entre a poesia e o espaço geográfico

Trabalhar a literatura sob a perspectiva da percepção ambiental é a tarefa realizada pelo grupo de estudantes pesquisadores do curso de Letras da UFMA. Com o título “Literatura e Paisagem: um estudo da literatura moderna e contemporânea de expressão portuguesa à luz da percepção ambiental”, o estudo busca estabelecer a relação entre a representação literária (poesia) e o espaço geográfico em que o poeta se insere.

Por ser um campo de estudo pouco trabalhado pelos estudantes do curso de Letras e por ter um conteúdo mais cifrado e menos explícito, a poesia se torna um desafio para muitos alunos. A busca do modo pelo qual o poeta transpõe para o poema todo o universo da paisagem, o lugar e o espaço, é um dos objetivos da pesquisa.

Sophia de Mello Breyner, por exemplo, autora portuguesa contemporânea e recentemente falecida, utiliza o mar português como um dos conceitos-chave de sua criação literária. O mar, visto como lugar de conquistas, progressos e perspectiva de futuro, traz ao grupo a tarefa de analisar os aspectos empregados na produção da poetisa.

Com estudos que vão além da simbologia e do imaginário do poeta, o projeto visa à interdisciplinaridade envolvendo a Geografia e a Literatura. Segundo a coordenadora do projeto, a professora doutora Márcia Manir, as disciplinas da pesquisa são vistas como campos díspares, no entanto, pode-se observar que as áreas de atuação da Literatura envolvem os espaços estudados pela Geografia. A Geografia trabalha com a ideia de cosmos e o universo geográfico não é apenas pautado no espaço. Dessa forma, identificar a cosmovisão geográfica nas descrições literárias de paisagem é uma das intenções do grupo.

Yi-Fu Tuan, considerado pela coordenadora do projeto como “o autor de cabeceira” do grupo, foi um geógrafo humanista que trabalhava a importância das relações entre espaço, cultura e experiência. ”Assim como Sophia, que retratava o espaço de suas descrições literárias (mar) como identidade, Yi-Fu defendia que lugar é segurança, o espaço é liberdade e que estamos ligados ao primeiro e desejamos o outro”, afirma a coordenadora.

O projeto teve início em agosto de 2009 e conta com a participação de duas bolsistas do curso de Letras da UFMA. A professora Márcia Manir, orientadora do projeto, é paulista, professora de Literatura Portuguesa do curso de Letras na UFMA e professora doutora pela USP na área de Literatura Portuguesa.



Lugar: UFMA/ASCOM
Fonte: Jessica Melo/ASCOM/UFMA
Notícia alterada em: 10/02/2010 14h56

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